
Audiência discute alternativas para garantir abastecimento
Próximo ao Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março, a Câmara Municipal de Montes Claros promoveu, nesta quinta-feira (20/3), uma audiência pública para discutir a segurança hídrica da região. A iniciativa, liderada pela vereadora Graça da Casa do Motor (União), reuniu representantes da Emater, Secretaria de Meio Ambiente, líderes comunitários e autoridades, incluindo o prefeito Guilherme Guimarães.

A parlamentar destacou a crescente escassez hídrica, sobretudo na zona rural, e defendeu a construção da barragem de Congonhas como solução. “A conscientização do uso da água é fundamental. Uma das principais ações que pode ser feita é a construção da barragem de Congonhas, com investimento inicial de R$ 16 milhões. Essa é uma iniciativa da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais”, enfatizou a vereadora.
O projeto prevê armazenamento de água destinada ao consumo humano, irrigação e geração de energia. Segundo José Arcanjo, da Emater, a execução depende da parceria entre Estado, setor privado e comunidades rurais. O presidente da Sociedade Rural, Flávio Oliveira, lembrou que um estudo sobre a bacia do rio Verde Grande, elaborado há sete anos, demonstra a viabilidade da barragem sem impacto ambiental significativo.
O vice-presidente da Sociedade Rural, José Henrique Veloso, alertou que a redução de outorgas para captação de água subterrânea e do rio Verde Grande, vigente há dois anos, expira no segundo semestre de 2025. No entanto, mesmo sem as restrições, o abastecimento segue crítico, reforçando a necessidade da barragem de Congonhas.
A barragem de Juramento, principal fonte de Montes Claros desde os anos 1980, tem capacidade de 45 milhões de metros cúbicos, mas é insuficiente para atender a demanda de uma cidade com 180 comunidades rurais e 12 distritos.
Diogo Fabiano, da Secretaria de Meio Ambiente, anunciou um chamamento público via Codema para construção de pequenas barragens e ampliação de poços artesianos.
Avanço no projeto da Barragem de Congonhas
O vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões, recentemente visitou Montes Claros para acompanhar a apresentação do projeto da barragem de Congonhas. A iniciativa, conduzida pela Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), faz parte da Política de Concessões e Parcerias Público-Privadas (PPP) do Estado. Durante a visita, Simões destacou que a barragem será fundamental para garantir o abastecimento de água na região e possibilitará a irrigação de aproximadamente 10 mil hectares destinados à produção agrícola. Além disso, o projeto tem potencial para impulsionar o turismo, criando um grande espelho d’água.
O governo de Minas Gerais assegurou que a construção da barragem beneficiará mais de 500 mil pessoas em Montes Claros e municípios vizinhos, como Grão Mogol, Cristália, Botumirim, Juramento, Francisco Sá, Bocaiúva, Itacambira e Glaucilândia. Simões alertou que, sem a barragem, a região poderá enfrentar graves problemas de escassez hídrica nos próximos 20 anos.
O presidente do Consórcio Intermunicipal Multifinalitário da Área Mineira da Sudene (Cimams), Adaildo Rocha, reforçou a importância da união entre as instituições envolvidas para viabilizar a obra. Segundo ele, o consórcio trabalhará para garantir que a concessão da barragem avance, defendendo os interesses da população e fortalecendo políticas públicas para a segurança hídrica.
Barragem de Congonhas é a solução?
Para o prefeito Guilherme Guimarães, o norte-mineiro teve que aprender a conviver com a seca. “A região aumentou sua população e expandiu a produção agropecuária, tornando a preocupação com a falta d’água recorrente. A prefeitura está atenta a essa situação, especialmente na zona rural, e busca ações efetivas para reconstrução ou construção de barragens. Temos estudos para Congonhas e Jequitaí, mas precisamos de medidas urgentes e contamos com apoio do Governo Federal para garantir barragens médias em comunidades maiores, como Aparecida”, afirmou o prefeito. Ele destacou ainda que Montes Claros possui mais de 100 reservatórios subterrâneos que auxiliam no abastecimento municipal.
A Copasa informou que monitora mensalmente as vazões captadas para abastecimento e utiliza águas pluviais e subterrâneas tratadas para atender à população.
Apesar da importância da barragem de Congonhas para aumentar a reserva hídrica do município, especialistas alertam que sua construção, por si só, não resolverá integralmente a crise hídrica de Montes Claros. O crescimento populacional e o aumento da demanda por água exigem um conjunto de medidas, incluindo maior preservação de nascentes, investimento em infraestrutura hídrica e uso consciente da água. Dessa forma, a barragem representa um passo importante, mas deve ser acompanhada de outras iniciativas para garantir um abastecimento sustentável a longo prazo.